Cerca de 15% dos casais não obtêm sucesso na gravidez após um ano de tentativas e o fator masculino corresponde, isoladamente, por 20% a 30% e é contributivo em aproximadamente 40% dos casos. Por isso, a avaliação do homem infértil é fundamental.
A avaliação inicial baseia-se no espermograma, o qual nem sempre mostra o real potencial de fertilidade. Outras avaliações, como análise do cariótipo, exames de imagem, dosagem hormonal e a avaliação da taxa de fragmentação do DNA espermático podem ser necessárias.
A pesquisa de fragmentação do DNA espermático ( FDE ) é uma ferramenta com grande potencial na avaliação da fertilidade masculina e que vem ganhando cada vez mais espaço nos principais guidelines.
O grau de FDE reflete a integridade do material genético do espermatozoide. Alterações afetam a fertilidade, desenvolvimento embrionário e a implantação do embrião. Funções espermáticas normais, como hiperativação, capacitação e reação do acrossoma, essenciais para fecundação, são alteradas quando há aumento da FDE.
Fatores intrínsecos e extrínsecos estão relacionados a esse processo. Mutações, deficiência de protamina, defeitos de compactação e empacotamento são as alterações intrínsecas mais comuns. Idade, varicocele, infecções, calor, toxina, quimioterapia, radiação, sedentarismo, uso de drogas são as causas externas mais comuns.
Os responsáveis pela lesão à integridade do DNA espermático são os radicais livres. Níveis elevados destes são encontrados em até 40 % dos homens inférteis. O estresse oxidativo gera danos no citoesqueleto, nas proteínas e nos mecanismos celulares e, por isso, combatê-lo diminuirá a FDE.
A varicocele é a principal causa identificável de infertilidade masculina. Vários estudos associam a sua presença a danos no DNA do esperma. Dados de metanálise associam aumento de 9,84% do grau de FDE em portadores de Varicocele. A correção cirúrgica reduz significativamente esse grau.
A atual dieta ocidental (refinada, ultraprocessada, rica em energia, pobre em nutrientes, alta taxa de gordura trans e ácidos graxos hidrolisados) pode levar à diminuição da contagem de espermatozoides, da concentração espermática, de motilidade e do porcentual de morfologia normal. A suplementação de antioxidantes pode ser benéfica na redução dos danos do DNA espermático. Vitamina C, vitamina E, coenzima Q10 podem melhorar os parâmetros do sêmen em homens inférteis.
A obesidade, Síndrome Metabólica estão associadas à baixa qualidade seminal, hipogonadismo e aumento do calor testicular. Em pacientes obesos, sobretudo a partir de grau III, apresentam um impacto negativo na integridade do DNA do esperma por indução de estresse oxidativo e desbalanço hormonal.
Idade masculina avançada, uso de drogas, como cigarro e álcool, sedentarismo e infecções agudas ou crônicas aumentam espécies reativas de oxigênio, citocinas pró-inflamatórias ( IL 6, IL 8, fator de necrose tumoral ) o que interferirão diretamente no grau de FDE.
O tratamento para diminuição da FDE, enfim, baseia-se na melhora do estilo de vida, atividade física, alimentação balanceada, melhora da qualidade do sono e da alimentação. A combinação de L-carnitina, vitamina C, CoQ 10, vitamina E, zinco, vitamina B12, selênio e B9 pode melhorar a qualidade do esperma, diminuir o estresse oxidativo e diminuir a taxa de fragmentação de DNA.
Portanto, apesar de não ser muito solicitado por muitos Urologistas, a análise de fragmentação de DNA é de extrema importância. Com ela conseguimos fazer uma avaliação mais completa do casal tentante, garantir melhora da qualidade do sêmen, aumentar a fertilidade do homem e, com isso tudo, tornar a caminhada do casal tentante menos árdua.